Fomos nós que demos duro pro país ficar de pé!
- Carlos Eduardo Valdez
- 7 de set. de 2016
- 6 min de leitura

Desde 2005 o Jongo do Sudeste é considerado Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Iphan. Encontrado em diversas regiões do estado do Rio de Janeiro esse tipo de manifestação cultural vem ganhando fôlego: hoje em dia não é difícil encontrar rodas de jongo abertas em espaços boêmios e culturais como a Lapa e o viaduto de Madureira com praticantes cada vez mais jovens.
Manifestação artística criada por escravos o jongo chegou a ser temido por membros da elite por conta de suas características ligadas à magia. Era também, o jongo, espaço onde a resistência negra era praticada através de cânticos que desafiavam ou debochavam da ordem senhorial. Atualmente o jongo é dançado em muitas comunidades negras que lutam por melhores condições de vida ou até mesmo por acesso à terra como é o caso das comunidades remanescentes de quilombola.
Esta atividade irá desafiá-lo a conhecer não só sobre o jongo, mas também sobre histórias de lutas e resistência da população escravizada no Brasil, já que jongo, escravidão e resistência co-existiram por muito tempo. A principal música dessa atividade se chama “Jongo do Irmão Café” de Nei Lopes e Wilson Moreira, então dê o play, acompanhe a letra e prepare-se para os desafios.
Música 1: Jongo do Irmão Café
Compositores: Nei Lopes e Wilson Moreira
Intérprete: Nei Lopes
Auê, meu irmão café! Auê, meu irmão café! Mesmo usados, moídos, pilados, Vendidos, trocados, estamos de pé: Olha nós aí, meu irmão café!
Meu passado é africano Teu passado também é. Nossa cor é tão escura Quanto chão de massapé. Amargando igual mistura De cachaça com fernet Desde o tempo que ainda havia Cadeirinha e landolé Fomos nós que demos duro
Pro país ficar de pé!
Auê, meu irmão café! Auê, meu irmão café!
Mesmo usados, moídos, pilados, Vendidos, trocados, estamos de pé: Olha nós aí, meu irmão café!
Você, quente, queima a língua Queima o corpo e queima o pé Adoçado, tem delícias De chamego e cafuné Requentado, cria caso, Faz zoeira e faz banzé E também é de mesinha De gurufa e candomblé É por essas semelhanças Que eu te chamo "irmão café
Desafio I – E a música nessa história?
1. A instrumentação do jongo pode variar de acordo com o grupo que o pratica, mas basicamente é um tipo de música tocada por tambores. No entanto, no Jongo do Irmão Café é possível perceber o som de uma viola caipira formando a base harmônica. Marque a opção que melhor justifica a presença desse instrumento na música:
a)É uma desvirtuação do jongo que passou a ser alvo da indústria fonográfica fugindo às suas origens.
b)É uma busca por uma sonoridade que remonte o ambiente rural em que o jongo surgiu.
c)É muito comum atualmente vermos músicos e compositores descompromissados com a estrutura básica do jongo.
d)É uma busca por uma sonoridade moderna no intuito de mostrar que o jongo segue vivo e se reinventando.
2. Nos refrões Nei Lopes é acompanhado por um afinado coro de homens e mulheres. Ouça atentamente esse coro e descreva as sensações que ele lhe transmite.
3. Quais são os versos que são reforçados no refrão através da repetição, da interpretação e da adição do coro? Explique por que esses versos receberão esse reforço.
Desafio II – Você quente queima a língua e requentado cria caso
1. Durante muito tempo disseminou-se no Brasil a ideia de que o escravo africano era submisso e deixou-se escravizar. Essa ideia vem sendo combatida há algumas décadas. Sendo assim observe atentamente os dois anúncios publicados em jornais no século XIX:

Fonte: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=294

Fonte: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=artigos&id=294
Agora responda:
a) Qual é a diferença entre os dois anúncios, principalmente no que se refere ao motivo da venda?
b) Pesquise na internet outros anúncios semelhantes a esses e depois compartilhe e discuta sobre seus resultados com o restante da turma.
2. Explique os possíveis significados dos versos “Mesmo usados, moídos, pilados, vendidos, trocados estamos de pé”.
3. Marque a opção que melhor explica o significado dos versos “Fomos nós que demos duro/ Pro país ficar de pé”.
a)A mão de obra escrava africana foi a principal força de trabalho do Brasil durante o período colonial e todo o Império.
b)O efeito estimulante da cafeína foi determinante para que a classe trabalhadora pudesse suportar as longas horas de trabalho.
c)Tratam-se de versos irônicos, já que sabemos que a principal forma de resistência negra era o corpo mole para o trabalho.
d)É uma alusão aos grandes heróis da resistência negra como Zumbi e Luís Gama.
Desafio III – Manuel Congo e seus tambus
Pegando o gancho do desafio 2 que citou a capacidade de resistência dos escravos à violência que lhes era imposta convidamos você a conhecer a história de Manuel Congo.
Manuel Congo foi o líder do maior levante de escravos da história do sul-fluminense. Em 1838 um capataz da fazenda Freguesia (região onde atualmente fica o município de Paty do Alferes, mas que na época pertencia a Vassouras) matou a tiros um escravo africano, Camilo Sapateiro quando este ia sem autorização para outra fazenda.
O acontecimento gerou revolta entre os escravos que exigiram que providências fossem tomadas pelo proprietário da fazenda. Como nada foi feito cerca de 80 escravos fugiram durante a madrugada e depois estimularam e facilitaram a fuga de escravos de outras fazendas. As fugas tomaram enormes proporções e estima-se que cerca de 300 a 400 escravos participaram indo em direção às matas da região.
O episódio deixou os latifundiários da região apavorados. As lembranças da Revolta do Malês na Bahia ainda eram muito fortes e com isso, logo o poder repressor do Estado foi acionado e o movimento foi contido. Apesar de resistirem bravamente mesmo em desvantagem bélica a maioria dos escravos foi recapturada e dezesseis deles foram julgados e condenados, mas somente Manuel Congo à morte em praça pública.
1. O bandolinista Carlos Henrique Machado gravou em 2006 um disco chamado Vale dos Tambores que abordava através do choro a musicalidade da região do Vale do Paraíba fluminense. Uma das faixas do disco se chama “Tambus de Manuel Congo”. A música é instrumental e está disponibilizada no link abaixo. Ouça-a de olhos fechados e depois descreva que sentimentos ela lhe provoca.
2. Marque a opção que aponta corretamente o significado da palavra “tambu”:
a)É a mesma coisa que fuga individual motivada por desespero.
b)Significa luta ou resistência escrava.
c)É o nome dado para um dos tambores tocados no jongo ou até mesmo para o próprio jongo.
d)É o nome dado às fugas coletivas que davam origem à formação de quilombos no Brasil.
Desafio IV – Machado!
Chegou a hora da sala de aula virar uma grande roda de jongo! Monte seu grupo com seus amigos de classe, pesquise um pouco mais sobre o jongo e monte uma pequena apresentação de dança e música.
Para ajudá-lo seguem abaixo o link de três vídeos: o primeiro é uma pequena aula sobre os principais passos da dança, o segundo é um jongo de autoria de Arlindo Cruz sendo executado em um grande show e o terceiro é uma apresentação do tradicional Jongo da Serrinha.
Aula de dança com o Jongo da Serrinha
Arlindo Cruz cantando "Mãe".
Jongo da Serrinha canta "Axé de Ianga".
Desafio V – Adedanha Afro
Um dos versos mais simbólicos do Jongo do Irmão Café é o mesmo que intitula essa atividade Fomos nós que demos duro/ Pro país ficar de pé. Com esses versos os autores da música buscam mostrar o outro lado da história dos negros e negras no Brasil. A ideia foi mostrar que apesar de toda a história de sofrimento da população negra no Brasil, ainda sim em diferentes momentos personagens negros se destacaram em diversas atividades. Essas histórias nem sempre aparecem com todo o destaque merecido nos programas de tvs, nos nomes de ruas e praças, em prédios públicos, etc.
No desafio V você vai ter a oportunidade de conhecer algumas dessas incríveis histórias e personagens negros que o Brasil teve ao longo de sua trajetória.
Vamos jogar!
Escolha um (a) colega de turma para ser seu (sua) parceiro (a) nesse jogo. Jogue a adedanha para escolher uma letra e após escolher cada dupla deve preencher os quadros com personalidades negras conforme o exemplo abaixo.
Letra sorteada (A) e em seguida (L).

Pontuação:
15 pontos → para cada nome válido que a dupla citar sozinha, sem que outra dupla tenha citado o mesmo nome e que saiba explicar quem foi e sua importância no cenário nacional em sua época.
10 pontos → para cada nome válido que a dupla citar sozinha, sem que outra dupla tenha citado o mesmo nome, mas que a dupla não saiba explicar quem era e sua importância.
5 pontos → para cada nome válido que a dupla citar, mas que também tenha sido citado por outra dupla.
0 ponto → quando a dupla não souber nenhum nome.
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